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domingo, 3 de julho de 2011

ENEM e a UFRJ


O Fato:

UFRJ decide acabar com vestibular e utilizar notas do Enem

Após uma reunião de cerca de três horas, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) decidiu nesta quinta-feira restringir o acesso às vagas de graduação exclusivamente ao Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A partir de 2012, o vestibular da universidade será anulado e 100% das vagas serão preenchidas pelas notas do exame. Os estudantes terão que se inscrever no Sistema de Seleção Unificada (Sisu) para poder concorrer às vagas.
O Conselho Universitário (Consuni) da UFRJ esteve reunido desde as 9h com representantes do Ministério da Educação (MEC) para tomar a decisão. De acordo com o reitor da universidade, Aloisio Teixeira, a ideia é unificar o sistema federal. "Pela primeira vez, veremos estudantes entrando por um sistema único, federal, na universidade. Criamos um ambiente de cooperação", disse.
No último vestibular, a UFRJ ofereceu 9.060 vagas, sendo que 40% foram destinadas ao Sisu. Ainda de acordo com o reitor, o número de vagas também deverá ser maior em 2012, mas a quantidade ainda não foi definida.
Na tentativa de facilitar o acesso à universidade, o Conselho de Graduação também estabeleceu que subirá de 20% para 30% o percentual de vagas em cada curso destinado a estudantes com renda per capita de um salário mínimo e que tenham feito o ensino médio em escolas públicas. O critério de cotas raciais foi, mais uma vez, reprovado.
Para Marcelo Paixão, representante do Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas no Conselho de Graduação, o aumento do percentual foi um ganho. Segundo ele, as cotas com critério de renda são a única forma de assegurar a entrada de estudantes menos favorecidos na universidade. "É evidente que o sistema (de ingresso) é elitista, seja pelo vestibular tradicional, ou pelo Sisu."
O Diretório Central do Estudantes (DCE) Mário Prata foi contra a adesão ao Enem e explicou que, no novo sistema, continuarão predominando estudantes de escolas particulares. "O fim do vestibular não significa o fim das desigualdades", disse Júlio Anselmo, representante do DCE. Para ele, o Enem continua favorecendo alunos que conseguiram pagar por um ensino melhor ou um curso preparatório para alcançar uma boa nota.
Dados recentes da UFRJ mostram que, mesmo com a ação afirmativa, no primeiro semestre deste ano, 61,34% dos 4,8 mil estudantes aprovados eram oriundos de escolas particulares. Em seguida, estavam os que cursaram o ensino médio na rede federal (20,7%).
Enem
De acordo com informações do Ministério da Educação, 6.221.697 estudantes inscreveram-se para o Enem deste ano. As provas foram marcadas para os dias 22 e 23 de outubro, com início às 13h (horário oficial de Brasília-DF), em todos os 26 Estados e no Distrito Federal.
Com as notas do Enem, os estudantes podem se inscrever no Sisu e pleitear vagas em instituições públicas de ensino superior de todo o País. No caso da UFRJ, os candidatos terão que entrar no sistema do Ministério da Educação e buscar as vagas da universidade.
Em 2010, foram ofertadas 83 mil vagas pelo Sisu em 83 instituições, sendo 39 universidades federais. 


A Opinião: 

A decisão da UFRJ causou revolta em grande parte dos estudantes. Isso porque faltaria pouco tempo para uma mudança desse porte e muitos já teriam pago por aulas específicas para a prova da UFRJ que é completamente diferente da prova do ENEM. E, além disso, como ficam aqueles que deixaram de fazer a inscrição no ENEM?
Bem, sabe-se que qualquer mudança na área da educação precisa de pelo menos uma década para ser perfeitamente assimilada e, mais uma vez, a mudança na educação brasileira começa por cima. Insistimos em começar a construção pelo telhado.
Na verdade, a mudança deveria começar no ensino fundamental, essa geração chegaria preparada ao ensino médio e reuniria condições de fazer uma avaliação como o ENEM com mais segurança. 
Mas o que ocorre é justamente o contrário, muda-se o modo de ingresso no vestibular, com uma interdisciplinaridade que não era observada por essa geração na educação básica, em alguns casos só começam a trabalhar de forma interdisciplinar na última série do ensino médio, e a partir daí o novo ensino começa a ser formatado seguindo os moldes do ENEM.
Moldes esses que também não são vistos nas universidades. No Brasil o Ensino Superior não é tão interdisciplinar quanto o ENEM faz parecer. 
Outra questão da UFRJ que causa controvérsia é a "cota" de 30% para alunos com baixa renda. Alguns acreditam que é a única forma de promover inclusão e diminuir a elitização do acesso à Universidade. 
Bem, apresento outro caminho: Melhorar a educação pública de base, transformar as escolas de forma que todas tenham um padrão de qualidade semelhante ao observado em instituições como o Pedro II. 
Alguns dirão: "É impossível". Pergunto: Como é possível então que agências bancárias públicas, como o Banco do Brasil por exemplo, funcionem da mesma forma em qualquer parte do Brasil?
Falta vontade de fazer o que é certo, de investir em áreas que não oferecem retorno financeiro direto para o governo, mas que são essenciais a longo prazo. Só que para esse longo prazo existir, precisa começar um dia e não é oferecendo cotas aos mais pobres que vamos resolver essa situação.
Inclusive porque embora a Universidade não tenha custo de mensalidade, existem outros gastos com transporte, alimentação e investimentos em livros. Além da necessidade de uma "bagagem educacional" anterior, a chamada "base", que pode dificultar tanto a vida dos cotistas a ponto de fazer com que abandonem o curso, tirando assim apenas a vaga de outros.
Resta torcer para que as confusões que ocorreram no ENEM nos últimos dois anos não se repitam esse ano.

O Debate:


Você concorda com a decisão da UFRJ?

Um comentário:

  1. cara, sinceramente eu não gostei dessa decisão pelo fato da prova do ENEM ser muito diferente da UFRJ e completamente cansativa! sem dúvidas isso causou um grande aborrecimento nos estudantes! e sem dúvidas nos não vamos deixar de reivindicar, já está acontecendo um convite para um protesto relacionado a essa decisão no facebook e muitos estudantes irão participar! só sei que na MINHA opnião essa decisão foi uma 'titica'! Jéssica Diniz - 3º ano do E.M

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