Leitura sem fronteiras - Tradutor

domingo, 10 de julho de 2011

Homens brancos são maioria dos transplantados


O Fato:

Homens brancos são maioria dos transplantados. Negros e mulheres são minoria

Estudo inédito do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que os efeitos das desigualdades sociais brasileiras se estendem às cirurgias de transplantes de órgãos como coração, fígado, rim, pâncreas e pulmão. A maioria dos transplantados são homens da cor branca.
De acordo com o estudo, de quatro receptores de coração, três são homens; e 56% dos transplantados tem a cor de pele branca. No transplante de fígado; 63% dos receptores são homens e 37% mulheres. De cada dez transplantes de fígado, oito são para pessoas brancas.
Segundo a análise do Ipea, homens e mulheres são igualmente atendidos nos transplantes de pâncreas; mas 93% dos atendidos são brancos. A maioria absoluta de receptores de pulmão também são homens (65%) e pessoas brancas (77%). O mesmo fenômeno ocorre com o transplante de rim: 61% dos receptores são homens; 69% das pessoas atendidas têm pele clara.
“Verificamos que o conjunto de desigualdades brasileiras acaba chegando no último estágio de medicina”, aponta o economista Alexandre Marinho, da Diretoria de Estudos e Políticas Sociais do Ipea, um dos autores da pesquisa. Ele e outras duas pesquisadoras analisaram dados de 1995 a 2004, fornecidos pela Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO).
O economista não estudou as causas do fenômeno, mas disse à Agência Brasil que a preparação para o transplante pode explicar as razões da desigualdade. Para fazer a cirurgia de transplante, o receptor deve estar apto: eventualmente mudar a alimentação, tomar medicamentos e fazer exames clínicos – procedimentos de atenção básica.
Segundo Marinho, quem depende exclusivamente do Sistema Único de Saúde (SUS) - cerca de três quatros da população brasileira - sai em desvantagem, porque tem dificuldade para receber remédios, fazer consultas e exames clínicos. “A situação onera quem tem menos condições de buscar alternativas.”
“O sistema é desigual na ponta [cirurgia de alta complexidade] porque é desigual na entrada”, assinala o economista, ao dizer que quando o SUS tem excelência no atendimento o acesso não é para todos: “Na hora que funciona, quem se apropria são as pessoas mais bem posicionadas socialmente”.
Conforme Marinho, os planos de saúde são resistentes a autorizar procedimentos de alta complexidade, como as cirurgias de transplantes, por causa dos custos. “Os hospitais privados preferem atender por meio do SUS porque sabe que paga”.
O estudo sobre a desigualdade de transplantes de órgãos está disponível no site do Ipea. Segundo Marinho, o documento foi postado ontem (7) e ainda não é do conhecimento do Ministério da Saúde.
De acordo com os dados do Sistema Nacional de Transplantes (SNT), há 1.376 equipes médicas autorizadas a realizar transplantes em 25 estados brasileiros (548 hospitais).

A Opinião:

A desigualdade social é vista de maneira mais cruel quando se compara indicadores nas áreas de educação e saúde. Em relação a educação, tenta-se resolver o problema através do remendo torto das cotas. Em relação à saúde a situação fica mais complicada, afinal não se pode criar cotas para transplantes, por uma série de motivos.
O que precisa ser resolvido no Brasil com urgência é a questão da distribuição da renda. O setor público poderia auxiliar distribuindo melhor a renda dentro do próprio funcionalismo público. O maior salário não pode ser mais de dez vezes maior do que o menor salário. Mas observe quanto ganha um deputado e quanto ganha um enfermeiro, a desigualdade começa pelo governo que deveria zelar pela igualdade de condições.
Ao chegar na esfera da saúde, a desigualdade mostra sua face mais cruel, onde os que possuem melhores condições financeiras, também possuem maiores chances de receberem os órgãos ou o sangue a ser transplantado. Aos menos favorecidos, resta apenas contar com a sorte.
Infelizmente a falta de sorte acompanha muitos desde o nascimento.

O Debate:

Existe alguma solução para resolver essa disparidade nos transplantes?

Nenhum comentário:

Postar um comentário