O Fato:
Movimento dos 'indignados' adquire dimensão planetária
O movimento dos "indignados" contra a crise e as finanças globais
adquiriu neste fim de semana dimensão planetária, levando às ruas
dezenas de milhares de pessoas em manifestações marcadas por incidentes e
prisões em Roma e Nova York.
"O movimento dos indignados renasce
como uma força global", proclama em sua capa neste domingo o jornal El
País, principal diário da Espanha, onde em 15 de maio os primeiros
"indignados" começaram a levantar suas barracas em pleno centro de
Madri.
É a primeira vez que uma "iniciativa cidadã" consegue
organizar "de forma coordenada tantas manifestações em lugares
diferentes e afastados", diz o jornal.
Sob slogans como "povos do
mundo, levantem-se", ou "sair à rua cria um novo mundo", os "indignados"
convocaram no sábado manifestações em 951 cidades de 82 países, segundo
o site 15october.net, em protesto contra a precariedade vinculada à crise e o poder das finanças.
"Evidentemente, existe agora um movimento internacional", confirmou o editorialista do Repubblica, Eugenio Scalfari.
"Expressa
a cólera de uma geração sem futuro nem fé nas instituições
tradicionais, políticas, mas também financeiras, que são consideradas
responsáveis pela crise e que se aproveitam dos danos causados ao bem
comum", prossegue o editorialista.
"O mundo sai às ruas, de forma
pacífica e colorida", assegura o La Stampa, apesar da manifestação de
Roma ter sido a mais violenta, perturbada desde o início por indivíduos
descontrolados que quebraram vitrines e queimaram automóveis. Os
confrontos com a polícia deixaram 70 feridos, entre eles três graves.
Doze pessoas foram detidas.
Além de Roma, onde dezenas de milhares de pessoas protestaram pacificamente, Madri e Lisboa foram cenário das maiores marchas.
Milhares protestaram também em Washington e Nova York, onde 88 pessoas foram detidas.
"Somos o povo, e eles nos venderam", "a cada dia, a cada semanas, ocupemos Wall Street", foram suas principais mensagens.
Em
Londres, várias centenas de "indignados" passaram a noite de sábado
para domingo em barracas na praça na frente da catedral de St. Paul, no
coração da City, após a manifestação do dia anterior, marcada também por
alguns confrontos e prisões.
No sábado, de 2.000 a 3.000
"indignados", segundo estimativas da BBC, protestaram ao redor da St.
Paul, entre cartazes contra a política de austeridade do governo
britânico e os cortes orçamentários, assim como contra o sistema
financeiro.
Também em Amsterdã foram levantadas 50 barracas,
colocadas na praça da Bolsa, onde os indignados passaram a noite de
sábado para domingo.
Genebra, Miami, Paris, Saraievo, Zurique,
Cidade do México, Lima, Santiago, Hong Kong, Tóquio, Sidney... a
"indignação" contra o capitalismo foi expressada no sábado praticamente
em todos os continentes.
E receberam inclusive um inesperado
apoio: o do governador do Banco da Itália, Mario Draghi, ex-diretor do
Goldman Sachs, símbolo da desregulamentação das finanças anglo-saxãs,
que no mês que vem assumirá a presidência do Banco Central Europeu.
"Os
jovens têm razão de estar indignados", declarou Draghi a jornalistas
italianos no sábado paralelamente a uma reunião de finanças do G20 em
Paris. "Estão irados contra o mundo das finanças. Eu os compreendo",
completou.
Fonte: AFP
A Opinião:
Não faz muito tempo, aqui mesmo nesse blog alertou-se para a possibilidade da "Revolução pela População" substituindo a Revolução técnico-científica-informacional.
Agora os povos do mundo começam a se unir para realizarem manifestações ao redor do mundo, podendo inclusive acender o pavio que estoure o modelo neoliberal.
O que virá por aí? Ainda é cedo para fazer previsões, mas o fato é que as revoltas começaram e a tendência é que sejam ampliadas e só terminem com a vitória.
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